Neste livro ele fala, e para a revista Época também, sobre o fato da reviravolta do movimento feminista, e o porquê ele decidiu se voltar contra ele, digamos assim.
Eu deixo em aberto para que, quem passar por aqui e ler a matéria, comentasse sobre isso, mas já adianto que ele já causou revolta até nas antigas amigas dele, por se tratar de um assunto que tem a ver com o sexismo, ou seja, machismo e feminismo, que realmente causa uma grande polêmica esse assunto entre homens e mulheres.
Nâo deixarei minha visão sobre esta matéria, até para não colocar-me nem de um lado, nem de outro.
Segue a entrevista:
Escritor americano diz que os homens ficaram fragilizados com a revolução feminista e agora precisam de proteção das leis
O americano Warren Farrell era um destacado militante masculino da onda feminista que atravessou os anos 70. Foi o único homem eleito três vezes para o quadro de diretores da Organização Nacional das Mulheres (NOW), em Nova York, uma das matrizes do movimento. Hoje se tornou uma pedra no sapato do mulherio engajado. Já no início dos anos 80, lançou a denúncia de que a guerra dos sexos converteu o masculino num gênero cabisbaixo. "Os homens têm menos opções na vida que as mulheres. E ainda morrem mais cedo", resume. Suas declarações provocaram reações iradas das antigas companheiras de luta, como Betty Friedan. Polêmico e radical, o ex-feminista conquistou espaço entre os articulistas do The New York Times. Professor da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia e da Escola de Psicólogos Profissionais, formou mais de 600 grupos terapêuticos de homens no país. Seus livros venderam 1,5 milhão de cópias. O maior sucesso, Por Que os Homens São Como São, foi publicado em 50 países, inclusive no Brasil, pela Editora Record. Em sua obra mais recente, Father and Child Reunion, ainda inédita no país, Farrell analisa o relacionamento entre pai e filhos.
ÉPOCA – Qual foi o impacto do movimento feminista na vida de homens e mulheres?
Warren Farrell – As mulheres conseguiram vitórias maravilhosas. Têm mais oportunidades profissionais, assumiram o papel de líderes, ganharam mais espaço na universidade. Podem explorar seus talentos e potenciais. Já os homens tiveram ganhos e perdas. O lado bom é que eles passaram a se relacionar com uma mulher mais feliz e independente. Sabem que as mulheres não fazem sexo só para satisfazê-los, também estão interessadas no próprio prazer. Isso enche seu ego. Eles também não precisam garantir toda a renda familiar.
ÉPOCA – E o impacto negativo?
Farrell – Os homens estão em situação de inferioridade. Uma mulher casada e com filhos pequenos tem três opções: trabalhar em tempo integral, apenas cuidar das crianças ou encontrar uma combinação das duas coisas. As opções do homem são as seguintes: trabalhar, trabalhar e trabalhar. As expectativas para eles ficaram ainda mais rígidas que antigamente. Ainda devem ganhar dinheiro e prover a família. Também são cobrados a demonstrar afeto e participar da educação dos filhos. Isso é ótimo, mas as coisas se excluem. Para ganhar dinheiro, eles são absorvidos pelo emprego e se afastam da família. Ficam angustiados.
ÉPOCA – Os homens realmente desejam ficar mais com a família?
Farrell – Sim, mas, além da falta de tempo, eles enfrentam preconceitos. No divórcio, a mulher fica com as crianças e, geralmente, com a casa. Nos Estados Unidos, elas têm a opção de receber ajuda financeira ou assistência do governo como uma espécie de marido substituto. Os homens não têm essas opções. Uma americana grávida pode escolher entre abortar ou processar o pai da criança para ganhar apoio financeiro. Em muitos Estados, a mulher pode ter o bebê sem informar o pai. Pode criar o filho com outro homem e, depois, entrar na Justiça exigindo dinheiro para uma criança cuja existência o pai desconhecia.
ÉPOCA – Mas essas leis são criadas e mantidas por autoridades majoritariamente masculinas. Por que perpetuariam essa situação se fosse uma injustiça contra os homens?
Farrell – Falta de consciência. O movimento feminista ajudou as mulheres a descobrir como eram tolhidas pelos papéis sexuais que elas mesmas reforçavam. Do mesmo modo, precisamos acordar para as limitações que nós, homens, nos impomos.
ÉPOCA – A liberação das mulheres não aliviou o fardo dos homens?
Farrell – Não exatamente. Nossas filhas têm a opção de pedir o namorado em casamento e tomar iniciativas sexuais. Nossos filhos têm a responsabilidade de fazer isso. As garotas de hoje podem pagar o jantar ou a bebida. Os garotos têm isso como obrigação. Uma noiva pode até comprar os anéis de noivado. Mas espera-se que o noivo o faça. A dinâmica conservadora é a mesma. Os homens continuam competindo para ser os melhores protetores das mulheres. Elas ainda disputam o melhor protetor.
ÉPOCA – Se os homens são tão oprimidos, por que não brigam por seus direitos?
Farrell – Nenhum dos gêneros é oprimido. Ambos têm responsabilidades, que às vezes são pesadas. No passado, isso era pior. Nossos pais lutavam pela sobrevivência da família e tinham apenas obrigações. Quem conseguia escapar dessa sina era uma minoria com dinheiro sobrando no bolso. O feminismo surgiu nesse grupo privilegiado.
ÉPOCA – Como assim?
Farrell – Nos anos 60, muitas mulheres das classes média e alta, que haviam se casado com homens bem-sucedidos e provedores, passaram a se sentir oprimidas. Queriam mais poder na família, chance de trabalhar e liberdade sexual – mas não eram compreendidas pelo marido. Não é para menos. Afinal, os companheiros haviam sido selecionados por elas pela habilidade em ganhar dinheiro, não por se comunicar bem ou garantir-lhes liberdade. A insatisfação levou ao divórcio, muitas dessas mulheres foram cuidar dos filhos sozinhas e ficaram com raiva dos homens, que não podiam satisfazer suas expectativas elevadas. O movimento feminista despontou politizando essa raiva, batizando-a de opressão da mulher. Chamou-se isso de guerra dos sexos. Mas os homens estavam apavorados, tentando se esconder e torcendo para não ser atingidos. As feministas não viram a dinâmica completa da sociedade.
ÉPOCA – Por que o senhor rompeu com as feministas?
Farrell – Continuo defensor ardoroso de um movimento que busca expandir direitos. No entanto, eu me oponho aos grupos que fazem do homem um inimigo, que divulgam falsas estatísticas para repisar a idéia de uma sociedade dominada por machos e projetada para oprimir as mulheres. Os homens precisam descobrir o que está por trás do poder atribuído a eles. Esse poder, na prática, tem muito a ver com a obrigação que temos de ganhar o dinheiro que um dia nossas viúvas vão gastar.
ÉPOCA – O que impede os homens de se defender?
Farrell – Se um homem quer ser bem-sucedido, aprende que é preciso reprimir os sentimentos. A pressão é enorme. Os pais querem filhos bem-sucedidos. As mulheres querem maridos bem-sucedidos. Se um homem escolhe virar um ator ou músico, e não consegue se sustentar, perde a mulher, os filhos, o amor dos pais e o apreço de todos. Por isso, a possibilidade de o homem cometer suicídio após o divórcio é dez vezes maior que a de sua ex-companheira. Quando uma mulher pede ajuda, descobre quem está disposto a salvá-la. Mas, se o homem pedir socorro, a mulher o abandonará.
ÉPOCA – As mulheres impedem que os homens manifestem seus sentimentos?
Farrell – Não exatamente. Os homens precisam assumir a responsabilidade de expressar o que sentem. Quando as mulheres começarem a escolher homens realmente capazes de expor suas vulnerabilidades, aí, sim, eles passarão a se abrir mais. Os homens dependem das mulheres emocional e sexualmente. Fecham-se quando percebem que o ambiente não é seguro para seus sentimentos mais íntimos.
ÉPOCA – Em 1920, a expectativa de vida dos homens era um ano menor que a das mulheres. Hoje a diferença aumentou para sete anos. Isso é grave?
Farrell – No início do século, a maioria das mortes era causada por doenças infecciosas e problemas de saúde pública que afetavam ambos os sexos. Desde então, a mortalidade passou a ser cada vez mais influenciada por fatores de estresse. Aumentou o número de mortes por câncer e doenças cardíacas. Quase todas as revistas femininas e órgãos governamentais ajudam as mulheres a cuidar da saúde, oferecendo-lhes apoio. As revistas masculinas e o governo não fazem nada disso para os homens. Na verdade, os homens precisam até de mais apoio que as mulheres, porque aprenderam desde sempre a ser heróis e também a ser descartáveis, seja na guerra, seja no trabalho. Precisam aprender que sua maior fraqueza é a fachada de força, enquanto a grande força das mulheres é a sua aparente fragilidade.
Farrell – A proporção de mulheres em universidades americanas se expandiu. Enquanto isso, entre os rapazes são mais altos os índices de desistência no meio do curso. No colégio, os garotos vão pior em todas as matérias, com exceção de matemática. Por que ninguém defende uma ação afirmativa que compense as chances menores dos homens na educação? Eles estão pior em qualquer avaliação social ou psicológica. As mortes por câncer de próstata são equivalentes às causadas por câncer de mama. Mas há sete vezes mais financiamento para pesquisas de câncer de mama.
3 comentários:
Opa, inaugurar os comentários... heheheheheh
Pois bem, uma coisa precisa ser diferenciada FEMINISMO é diferente de FEMISMO: feminismo é reivindicação, é luta, é realidade; femismo é sentir-se um ser superior que os homens.
Outro ponto interessante é: o sistema capitalista gera a ilusão de liberdade, a ilusão de aceitação.. e isso é pra ambos os lados, pro homem e pra mulher: finge que aceita a mulher moderna e o homem em todas suas facetas. Aceita nada! Por mais que uma coisa seja pregada, as pessoas são muito retrógradas, tem uma massa conservadora aí que discrimina siiiim as mulheres, marginaliza, estigmatiza e acho que é contra esse tipod e pensamento que devemos lutar. Também esse conservadorismo cai pro lado do homem, que é tirado de maricas quando desempenha algum serviço doméstico.
Agora diga, isso não é um mundo de mentiras, de ilusão? Fingem que aceitam pra terem um mercado consumidor. Eu acho, e assino embaixo da minha teoria da conspiração heheheheh
Palavra de feminista, não femista.
Acho que a entrevista poderia ser resuimida no seguinte trecho: "A dinâmica conservadora é a mesma. Os homens continuam competindo para ser os melhores protetores das mulheres. Elas ainda disputam o melhor protetor". Assim, claro que há a necessidade de proteção num relacionamento, mas acredito que nas sociedades ocidentais como um todo a proteção ainda nõa é vista como algo mútuo e, sendo mútuo, estando ligado tanto ao homem como à mulher, deve ser mútua em todos os campos da vida: no campo afetivo, familiar, intelectual, financeiro, econômico. A idéia de ver o homem como "inimigo", acredito eu, particularmente, é meio primitiva demais, meio inicial dentro da revolução feminista, comparando-se com a Revolução Francesa, é instaurar o Terror e permanecer jacobina o resto da vida e, eu acho isto errado pelo fato de antagonizar de uma forma brutal ambas as partes.
Mas também, fazendo a crítica ao entrevistado, a representação de proteção masculina atual, ao meu ver, se reconfigurou bastante e abriu um espaço de insurgência emocional que antes a cultura ocidental não permitia aos homens revelar estes sentimentos.
Hoje em dia, esta proteção está muito mais ligada ao emocional e a um compartilhamento de sentimentos, como nunca antes houve. E não acredito que as mulheres achem que só porque um homem se abre sentimental e emocionalmente a elas, significa que ele seja um fraco.Isto só demonstra o grau de humanidade deles ao mesmo tempo uqe pode escancarar atualmente os dilemas emocionais e afetivos que elas vivem atualmente ao tentar, há décadas atrás, ter renegado complemente este lado humano na visão antagônica que criaram do homem na tentativa de "libertar-se" dele.
Verdade meninas, foram bem sensatas no que disseram, sobre a ilusão de liberdade que o capitalismo implantou e sobre os modelos que a Débora comentou que parecem mesmo que são iguais.
adorei os comentários.
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